segunda-feira, 10 de agosto de 2009

FÁBIO SOCIALIZA EXPERIÊNCIAS DO CURSO DE VERÃO EM FORTALEZA

RELATÓRIO DO CURSO DE VERÃO NA TERRA DO SOL
FÁBIO BRAGA DO NASCIMENTO

JULHO / 2009

Procedentes de 11 estados do Brasil, mais especificamente Ceará, Piauí, Maranhão, Sergipe, Rio Grande do Norte, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Santa Catarina, Amazonas e Mato Grosso e mais o Distrito Federal e, ainda, da Itália e da Alemanha, 160 cursistas e 80 colaboradores juntaram-se em Fortaleza-CE, no período de 6 a 18 de julho de 2009, construindo o Mutirão do Curso de Verão na Terra do Sol. Neste nono ano de caminhada a temática trabalhada foi: “Jovens construindo uma nova realidade. É possível?”, tendo, como eixo articulador a organização popular enquanto semente da esperança na caminhada para a transformação.

Na primeira semana, orientados por Fr. Carlos Mesters, um dos fundadores do Centro de Estudos Bíblicos – CEBI, concentramo-nos no estudo do livro do Profeta Isaías (cap. 40 – 66), vendo o cativeiro do povo judeu, sentindo seu sofrimento. O povo perde as referências – o Templo, o Rei, a Terra – e canta sua dor infinita nas Lamentações de Jeremias. Acompanhamos a sua libertação com o renascer da esperança. Juntos, no coletivo, redescobre a ternura de Javé como pai, mãe, irmão, esposo. Assim, o povo de Deus mostra que é possível transformar o caos do cativeiro, em meio às ambigüidades e contradições. Três passos destacam-se, como decisivos, nesta caminhada: Memória, Natureza e Comunidade...Um pequeno grupo anônimo faz a memória renascer no interior do povo e tudo voltou...A natureza permanece na sua ordem...E, emerge a força do diálogo, da reunião...Há luz no túnel e o povo de Deus acorda para a plenitude da Luz!...
Na segunda semana, inspirados na Bíblia, e orientados pelo professor Manfredo Oliveira que leciona do ITEP (Instituto Teológico Pastoral) e na UFC (Universidade Federal do Ceará) vimos e sentimos os cativeiros de hoje na civilização do capital que tudo submete ao poderio do dinheiro, na lógica da mercantilização, destruindo a Terra e comprometendo o acesso de milhões de homens e mulheres às condições humanas de vida digna. Hoje, no século XXI, o sistema do capital gera uma população supérflua, descartável, acirrando contradições e desigualdades.
Neste cenário, focalizamos as juventudes, sobremodo as juventudes empobrecidas nas periferias da vida. E, junto com o Pastor da Igreja Luterana, Marcos Rodrigues, questionamos: Quais os cativeiros que acorrentam essas juventudes? Quais os ídolos que os jovens das periferias da vida adoram e veneram, não lhes permitindo viver um horizonte de liberdade e emancipações?
Ouvimos os cânticos das lamentações dessas juventudes que vivenciam experiências de sentirem-se despojadas, descartáveis e sem lugar. Elas lançam o seu clamor surdo nos cativeiros das exclusões e inclusões perversas, em meio às violências que lhe destituem a humanidade e a vida.
Durante o curso afirmamos que há luzes no interior do túnel e indagamos: Onde estão acessas estas luzes que indicam as saídas do cativeiro? Quais os desafios e perspectivas nos caminhos de construção da emancipação? E mais: Quais os horizontes de nossas lutas? Qual a nova realidade que queremos construir nesta saída dos cativeiros que hoje nos subjugam?
E, também, reafirmamos a força da organização, na perspectiva de um projeto popular para além do capital. Como o povo de Deus, na saída do cativeiro da Babilônia, foi preciso definir passos na caminhada:
• acreditar que outro mundo é possível e assumir a condição de sujeito na construção desse mundo;
• desenvolver a indignação, sendo capaz de desorganizar a ordem perversa estabelecida;
• resgatar a memória de nossas lutas e a força transfomadora de nossos mártires;
• exercitar a cultura da recusa, gerando novas atitudes que confrontem a lógica destrutiva do capital;
• construir um novo olhar sobre a vida, procurando tirar os véus e ver para além do que nos é dado ver;
• criar um pensamento alternativo das alternativas;
• estar atento aos processos de libertação dos povos da América Latina, na busca de alianças e da unidade latino-americana.
No período da tarde durante esses 12 dias do curso foi possível participar da Oficina de Espiritualidade, onde pude verificar que ela é uma dimensão da pessoa humana que traduz, segundo diversos credos e confissões religiosas, o modo de viver característico do ser humano que busca alcançar a plenitude da sua relação com o transcendental. Cada uma das várias religiões comporta uma dimensão específica a esta descrição geral, mas, em todos os casos, se pode dizer que a espiritualidade: “traduz uma dimensão do homem, enquanto é visto como ser naturalmente religioso, que constitui, de modo temático ou implícito, a sua mais profunda essência e aspiração” Francisco Tiago, Coordenador da Oficina.
Fazendo o fechamento do Curso de Verão 2009, um dos seus fundadores, o Pe. Luiz Sartorel nos mostra que esta caminhada é coletiva, sendo imprescindível articular as lutas específicas. É o esforço político de juntar os fragmentos em uma nova totalidade, tendo, no horizonte, a ruptura com a civilização do capital e a construção de um mundo novo, regido pela lógica da partilha, da solidariedade, do cuidado. É um mundo onde possamos “bem viver”, na harmonia com a Mãe Terra e na plenitude do amor...E esta é a Terra Prometida!...
Por fim, agradeço a Vice – Província do Recife que me proporcionou esta bela oportunidade de crescimento humano, onde foi possível ter contato com diversas experiências que buscam tirar os jovens do cativeiro atual e construir com eles uma nova realidade. Também minha gratidão a Vice – Província de Fortaleza que muito carinhosamente me acolheu nesses dias que lá fiquei, podendo assim ter uma bela convivência com todos nossos irmãos de caminhada.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Uma Parceria em Experiência Interdisciplinar!

PESQUISA SOBRE A PARCERIA NA FORMAÇÃO
VICE-PROVÍNCIAS DE RECIFE E FORTALEZA

INTRODUÇÃO
Em reunião das duas Equipes que representam os confrades das Unidades de Recife e Fortaleza, surgiu a necessidade de encaminhar uma avaliação sobre a parceria que nos envolve. Embora já tenha sido objeto de reflexão há uns dois anos num encontro das duas Unidades, sentimos necessidade de ouvir mais de perto aqueles que experimentaram a parceria na Formação. Padres, Irmãos e Estudantes que foram formados nesta colaboração são chamados a expressar o que viveram nestes anos de formação.

Apresento o resultado da pesquisa feita entre os confrades e estudantes das Vice-províncias de Recife e Fortaleza, sobre a Parceria na Formação.

A princípio, entendi que eu tinha sido incumbido desta tarefa. Tempos depois, fui alertado de que deveria fazê-la com os Secretariados de Formação. E aqui peço desculpas por ter entendido de forma equivocada.

As questões foram, elaboradas, pedia ajuda a alguns confrades e as recebi. No dia 29 de agosto foi lançada a pesquisa através do Blog http://www.parceria-redentorista.blogspot.com/. Enviei para os e-mails dos confrades que tinham experienciado a realidade de Parceria na Formação, mesmo àqueles que há mais de cinco anos estiveram trabalhando em situação de colaboração com outras Unidades na Formação. As perguntas foram as seguintes:

1- Quais os ganhos e perdas que você percebe no processo de Parceria entre as Unidades Redentoristas de Recife e Fortaleza?
a. Quanto tempo você vivenciou a parceria na formação? Aonde? Em que etapa formativa?
b. Estrutura física das casas e sua adaptação às necessidades da Formação;
c. Formação (habilitação) dos formadores;
d. Colaboração e sintonia entre os formadores;
e. Vivência da espiritualidade redentorista;
f. Presença e apoio do Governo Vice-Provincial;
g. Instituições de formação acadêmicas (Filosofia, Teologia, etc);
h. Noviciado (indique aonde fez o seu Noviciado);
i. Ordenação e Votos em conjunto;
j. Conteúdo das etapas de formação;
k. Espaço e formação para a pastoral;
l. Incentivo ao desenvolvimento intelectual: cursos extra-curriculares;
m. Quais os valores que observamos no jeito da outra Vice-Província?
n. Quais as dificuldades que nós encontramos?
o. A convivência na formação nos abriu para mais experiências de missão em parceria com a outra Unidade ou trabalho missionário ou termina com a formação?
p. A ausência de parcerias poderia indicar fechamento em nossas tradições próprias?
q. Quais as resistências maiores dentro de nós? De onde vêm?
r. A formação em parceria nos ajudou a crescer na consciência de pertencermos todos a uma grande família redentorista internacional?
Após o envio da primeira mensagem indicando o Blog a ser acessado com as questões, foram enviadas outras mensagens de incentivo e motivação para o envio das respostas.
Responderam:

a) 11 pessoas, entre estudantes e confrades (padres e Irmãos);
i. CONFRADES: 04 (03 da V. Província de Recife e 01 da V. Província de Fortaleza).
ii. POSTULANTES: 06 (04 da v. Província De Fortaleza e 02 da V. Província de Recife).

b) Uma comunidade religiosa da vice-província de Recife (a comunidade se reuniu e debateu sobre as questões recebidas e enviou sua contribuição).

Todas as respostas aqui apresentadas, são fruto da atenção e corresponsabilidade dos confrades e estudantes que decidiram e conseguiram reservar seu tempo, priorizando esta avaliação. Isto evidencia uma atitude de grande préstimo. O que está sistematizado, foi feito com o cuidado de ser fiel às idéias que nos chegaram. A sistematização foi o desafio maior, o que agora apresento abaixo:[1]

Para entender o que foi expresso, é importante considerar que:
a) As respostas dos confrades e estudantes sem votos estão misturadas;
b) Há pessoas que expressaram mais de uma resposta em um mesmo. Outros não responderam algumas questões.
c) As respostas dos estudantes são muito profundas, consistentes, indica questão interessados, querem crescer e contribuir com o grupo redentorista;
d) Algumas falas são direcionadas à realidade de uma Unidade específica, enfocando a parceria;
e) Algumas falas foram reelaboradas com o cuidado de preservar o seu conteúdo e apresentá-lo de forma mais clara;
f) O entendimento sobre a parceria não ficou restrito apenas a formação, em geral, todos a entenderam com abrangência na missão de Tacaratu.
g) A sequência do questionário não foi obedecida por todos, algumas respostas vieram em formato de “texto corrido”;
h) Algumas respostas falam de realidades atuais, enquanto outras fazem alusão a situações do passado.

I - RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO

1- Ganhos e perdas percebidos no processo de Parceria entre as Unidades Redentoristas de Recife e Fortaleza

- Unir forças na missão
- Aprendemos uma nova mística, nova cultura
- Ajuda e abertura de pessoas maduras da outra Unidade
- Troca de experiências
- Troca de experiências
- Conhecimento de outras realidades
- Formação de grupo maior que possibilita confrontos na vida comunitária;
- Partilha sobre a realidade das etapas formativas
Entrosamento entre as Unidades.
- Diminuição das distâncias entre os confrades do Nordeste.
- Conhecimento de lugares novos.
Conhecimento de outros confrades.
- Conhecimento da história da outra Unidade.
- Favorece a união entre as duas Unidades.
- Partilha das experiências, especialmente no processo de formação, é experiência gratificante.
- Distância das pessoas da Unidade de origem
- Os formandos não conhecem mais sobre a própria Unidade.
- Os estudantes têm pouca convivência com confrades da própria Unidade.
- Supervalorização dos estudos acadêmicos.
- Divergências no posicionamento quanto a questões comuns.
-

2- Comentários de ACEITAÇÃO da Parceria
- Não abertura para se fazer a caminhada de parceria, exigência que parte da espiritualidade redentorista e não apenas das necessidades locais.
- Há pessoas imaturas nas duas Unidades que não querem que essa parceria aconteça.
- o desafio cultural e pastoral são fatores vitais para a Parceria.
- Vejo a pareceria como uma coisa muito positiva para as Unidades. Os pontos negativos são normais, pois toda iniciativa nova tem algo difícil, mas com o tempo as coisas vão se ajeitando.
- a Parceria no processo formativo é positiva.
- Voltar atrás seria um retrocesso para as duas Unidades. Vamos caminhando e procurando acertar até que tudo se ajeite.
- É preciso acordar porque nos dias de hoje não se sobrevive sem parceria. Estamos no tempo das redes de comunicação e não podemos nos dar ao luxo de continuarmos vivendo como no passado, voltados para o nosso pequeno mundo

3- Comentários de NÃO-ACEITAÇÃO da Parceria
- Falta a motivação que faz desacreditar no propósito que une a todos.
- Há a perda dos ideais que fazem acontecer a parceria entre as Unidades.

4- Dificuldades na Parceria
- Há preconceito e medo em relação a outra Unidade. Há situações de vida da outra Unidade que não é aceita pela outra, mas isso é natural. Por exemplo, o modo de como o Governo de Fortaleza interfere nos assuntos da Formação sem consultar as outras instâncias. Do lado de Recife, parece que é muito lenta para decidir as coisas práticas.
- A parceria parece se limitar apenas à Formação, dando a entender que funciona assim: eu mando os daqui para a Teologia e vocês mandam os daí para a Filosofia.
- Experiência interessante sem marcas negativas.
- A idéia da parceria já foi mais forte. Hoje, é marcada pelo medo e a insegurança
- Os confrades das duas Unidades não se convenceram da Parceria
- A parceria só existe pela necessidade da ajuda mútua, ou do contrário a reestruturação nem teria passado por aqui.
- Não existe parceria entre as Unidades, existe uma tarefa comum nas etapas de formação, o que nem isso é aceito de bom grado pelos jovens das etapas.
- Estamos desconfiados no que diz respeito aos desafios da missão em lugares mais desafiadores e exigentes.
- Existem padres que só pensam na sua felicidade e que deixam o desempenho missionário em segundo plano, até na formação.

5- Instituições de Formação (Filosofia e Teologia)
- É preocupação fundamental para uma boa formação superior.
- São excepcionais.
- Estamos estudando em bons lugares, em relação a outros que existem por aí.
- Nas casas de formação é preciso respirar mais Filosofia e Teologia.

- A UNICAP:
- tem uma vastidão de oportunidades que podem ser exploradas pelo estudante para ofrtalecer sua dimensão cognitiva, bem como o confronto com diversas realidades humanas.
- Encontrei espaço para desenvolver projetos junto a instituição na área social, integrando as diversas áreas do saber.
- INSAF:
- Traz segurança quanto ao futuro, não podemos ficar presos nas reflexões medíocres que temos ou na falta delas. A Teologia do ITEP parece ser muito fraca em relação ao que nós desejamos para o nosso grupo redentorista.
- Comprometido com a formação dos filósofos licenciados.
- Foi uma conquista. É exigente e isso o leva ao patamar de uma das melhores faculdades do Nordeste.
- É um dos melhores cursos do Nordeste. Agradeço aos governos pela opção. Mas é muito exigente.
- Oferece diálogo com o jovem. Através do diálogo é possível oferecer ao jovem outras possibilidades para a fase do postulantado. Ex: Comunicação Social.
6- Vida Intelectual em geral
- Seria bom que confrades pudessem fazer especializações em vista da missão.

7- Os Formadores
- São sempre improvisados, a necessidade é quem manda, mas não faltou interesse em acertar.
- Não houve participação em curso preparatório.
- Formkação atualizada, dinâmica e de acordo com as exigências do grupo.
- O corpo formativo tem potencialidades e boa formação
- Nem sempre os formadores têm uma preparação. Só o Pe. Domingos preparou-se para ser Mestre. Os outros, sempre se esforçaram por darem o melhor de si.
- Grande capacidade dos formadores que já conviveram comigo, ajudam na vocação.
- Falta estudos e atualização para alguns.
- Todos os religiosos novos são formados em parceria e a maioria não quer trabalho em parceria. Talvez nós, religiosos não estejamos motivando os jovens.

8- Sintonia entre os Formadores
- Há partilha no nível intelectual. As decisões são partilhadas com alguns, porém, leva-se em conta critérios internos da casa de formação.
- Houve sintonia entre eles, adotaram os mesmos métodos ou diferentes, segundo a realidade de cada grupo
- Existe boa sintonia (2)
- Muitas vezes não há sintonia entre os formadores, isso é nítido.
- Não percebo uma coesão clara. O conteúdo, metodologia e diretrizes de ação do projeto formativo deveria ser prioridade para o Secretariado de Formação
- Falta de encontros para conversar sobre os problemas da Formação.

9- Conteúdo da formação
- Deve ser buscado
- Cada casa tem sua programação anual e deve ser rigorosamente colocada em prática.
- Os conteúdos de cada etapa deveriam ser aprofundados no que diz respeito a dimensão religiosa (Igreja, Bíblia...).
- Falta um plano formativo (conteúdo das fases de formação).

10- Dimensão Intelectual: Incentivo a cursos extra-curriculares
- Incentivo a estudar uma Língua estrangeira
- Postulínter
- Curso de Verão
- Ainda não tive oportunidade de fazer cursos extra-curriculares (postulante).
- Há carência de incentivo, especialmente para quem está no processo de formação.
- Até o momento não escutei nenhum incentivo e nem abertura.
- Sinto abertura para o desenvolvimento intelectual. Cursos, palestras e congressos são permitidos, desde que o jovem demonstre interesse e que traga contribuição para a formação.
- Alguns confrades novos têm mentalidade pequena, depois da teologia não estudam mais.
- Alguns religiosos não têm conteúdo nas homilias, precisam estudar mais para oferecer algo melhor ao povo .

11- Estruturação Física da casa em que viviam
- Boa estrutura, oferecendo convivência e espiritualidade
- Hoje está bem melhor, a precariedade da casa de Filosofia era terrível. Hoje é outra coisa.
- A estrutura foi ajustada de acordo com a quantidade de aspirantes e as necessidades internas.
- Os espaços devem ser melhorados, adaptados para melhor comodidade para facilitar o processo formativo. Temos boas casa mas não as melhores.
- Sempre houve preocupação em torno de uma boa estrutura física e acadêmica.
- A comunidade Pe. Pitiá necessita rever seus espaços físicos e situações do dia-a-dia, como porta do banheiro.
12- Convento da Madalena
- A estrutura das casas ninguém pode reclamar, mas uma coisa eu digo: a casa da Madalena não é casa para formação. É uma casa enorme e muito movimentada.
- Boa estrutura, necessitando de algumas adaptações normais na Madalena

13- Vivência da Espiritualidade Redentorista
- Parece que naquela época éramos menos pretensiosos e menos fechados em mundinhos ainda não globalizados, com são (as pessoas) de hoje.
- Celebração das nossas festas em comunidade e nas respectivas datas.
- Fui motivado a partir da prática da oração diária, estudo da vida dos santos, celebrações e festas, etc.

- Não há programação que tenha orientação da parceria
- Na formação há necessidade de maior aprofundamento da espiritualidade, agregando sintonia entre as etapas.
- A vivência da espiritualidade muitas vezes está distante da realidade e isso desmotiva os que estão em formação inicial.
- às vezes sinto a espiritualidade eclodindo na formação e entre nossas comunidades é deficitária.
- A vivência da espiritualidade é um ponto fraco da formação, os próprios jovens contribuem para isso.

14- Noviciado em outra Unidade
- Amei e foi lá onde vi o quanto é necessário um momento de interiorização real.
- Que vocação redentorista acolhemos em nossas casas? Que abertura missionária a pessoa tem para abraçar o projeto missionário?

15- Espaço pastoral e a Formação
- Nos centros urbanos a experiência pastoral na formação beira o comodismo.
- São válidas outras experiências missionárias feitas no decorrer do ano.
- Na postulantado (Madalena) os estudos absorvem o tempo para a pastoral. A formação deveria trabalhar mais esse aspecto.
- Na Madalena há dificuldades quanto a um projeto pastoral. No Ibura há mais espaço pastoral.
- Temos bons espaços pastorais mas às vezes não temos capacidade de fazer outra coisa a não ser as coisas paroquiais.

16- Apoio do Governo Vice-Provincial
- Temos aopio total do vice-provincial, ele está sempre informado de nós.
- Há a presença dos jovens buscando informações, avaliando individual e pessoalmente (sic).
- A formação é tema contínuo dos governos.
No primeiro ano de formação eu percebia o apoio do Governo Vice-Provincial.
- Os superiores vice-provinciais mostram-se muito próximos dos estudantes e confrades.
- Hoje, o governo é mais presente na vida das comunidades e isso anima e aquece as comunidades .
- Sinto que é um governo que conversa e não é fechado nas questões, mas que se abre para ouvir e decidir.
-É visível o apoio e a presença. Mas às vezes o governo é lento para tomar decisões que ajudem a formação.
O governo está próximo dos estudantes (exemplo: as viagens de Pe. Bernardo ao Recife).

17- Celebração de Ordenação e Votos
- Deve-se fazer sempre juntos, não há razão para fazer diferente.
- As celebrações não são nada práticas.

18- Parceria abriu os horizontes para a missão?

- Sim, abriu-me para fazer outra experiência em outra Unidade
- De forma nenhuma houve nova abertura. Até em Tacaratu a parceria faliu.
- A formação em comum não tem alcance para formar consciência nesse sentido.
- Depois do término dos estudos, cada um “vai de volta para a sua terra, só falta o Gugu Liberato levar em casa”.
- Não se sente otimismo na parceria quanto ao seu futuro.


COMENTÁRIOS:
- Os novos religiosos passaram pela experiência da parceria e não vêem enriquecimento nisso.
- A formação possibilita o trabalho missionário em comum. Mas não julgo positiva a criação de diversas parcerias nas áreas pastorais. Acredito que uma Unidade pode apoiar a outra sem ser preciso firmar uma parceria.
- Uma idéia que prejudicou foi a idéia de FUSÃO entre as Unidades.

19- Ausência de Pareceria indica fechamento?
- A questão não é fechar-se na tradição. Como pensar a tradição se não há projetos claros? Parceria não e de pessoas mas de projetos claros.
- Não há projetos, nem corações, nem disponibilidade. A marca do tempo é individualista e assim, nós somos e também formamos.
- Não é certo que cada Unidade se prenda em suas próprias tradições, mas procure fortalecer-se através da união.
- Não estar na parceria não significa estar fechado em si, o passado da Congregação existia sem divisão e sem parceria.
- Não somos Unidades isoladas, somos uma Congregação. É necessária a parceria.
- Não é fechamento, a vice-província possui identidade própria e independe da parceria.

20- Parceria e a consciência de sermos uma família redentorista
SIM
NÃO
- Nós não somos apenas um grupo, mas uma família que ultrapassa as nossas fronteiras, não estamos sós.
- Podemos ver isso na história da fundação das Unidades (holandeses e Irlandeses)
- É na parceria que nos vemos como Congregação que está unida e que é uma família maior que cada indivíduo.
- A experiência da parceria na Formação Inicial parece não estar levando os novos confrades a se comprometerem com essa parceria nos trabalhos missionários.Muitos, pelo contrário, me parece que está tendo o efeito de voltar-se com mais intensidade para a própria unidade.
- Sim, mas não podemos nos resumir a experiência de duas vice-províncias, necessitamos investir no caráter internacional da Congregação.

- A parceria não ajudou na consciência de sermos uma família redentorista, “estamos muito longe disto. As reuniões são fracas, o conteúdo pouco ousado, a reflexão, por ser respeitosa, é morna.”
- A grande família só se enxerga nos grandes encontros nacionais, na realidade não passam de encontros que não conseguem ser traduzidos para a base.

COMENTÁRIOS:
- Tenho a impressão de que a parceria nas três fases de formação inicial (aspirantado, postulantado, noviciado) está sendo uma experiência mais tranqüila e agradável para os próprios estudantes, diferente do que se vive na fase do juniorato. Parece haver uma certa inquietação.
- Parceria foi por necessidade na formação e ampliou-se par a missão (Tacaratu). Por carência da Formação, continua até hoje.
- A tendência no mundo de hoje é a parceria entre outros pares. Quando não se faz isso, se acaba. Na Europa, há muita gente de todos os lugares estudando e fazendo experiências em outras terras. É preciso se preparar para acolher o diferente entre nós e também ir até os outros. Os idosos têm mais dificuldades para ter o espírito de mudança e acolhida mas os novos precisam ter esse espírito.
- Houve Assembléia das duas Unidades em Fortaleza, mas os mais jovens nada disseram, não estavam interessados. Os holandeses e irlandeses foram os que se expressaram. A parceria não cresceu, ficou criança, não tem correspondência entre os jovens. Concretamente não há manifestação sobre a parceria, a não ser em conversas individuais.
- Há uma relação de poder: em parceria não é possível ter segurança, ”feudos”, amizades, reconhecimento... A parceria dilui nossas relações. A mentalidade moderna de instar-se está muito presente na formação.

21- Sugestões
- Encontros entre as duas Unidades para formação
- Ampliar a parceria, não a limitar apenas a formação
- É preciso que os Secretariados de Formação tenham uma ação conjunta para ver o conteúdo da Formação em todas as etapas.
- A parceria não pode ser pensada entre duas Unidades mas em nível de URB.
- Que a parceria não se limite apenas às duas Unidades (Recife e Fortaleza).
- Os Governos devem estimular o envio de alguns estudantes para experiências em outras Unidades , assim como abertura para acolher estudantes de outras Províncias.
- Defendo que os noviços da mesma vice-província façam os votos juntos, mas que as ordenações sejam individuais e na comunidade de origem.

22- Comentários relacionando as duas Unidades
- Há divergências no posicionamento: Recife é coordenada por brasileiros e Fortaleza, por Irlandeses; aqui reside uma diferença de mentalidade.
- Fortaleza é ousada nas suas reflexões, Recife é mais reflexiva, por isso, lenta.
- Fortaleza tem um jeito mais leve de viver a Vida Religiosa, mais informal e acolhedor. Recife tem um jeito mais centrado, reflexivo, negocia com diálogo, seguindo os protocolos.

23- Valores que enxergamos na outra Unidade
- O compromisso com a missão assumida pelos confrades em áreas menos favorecidas e menos assistidas pela Igreja.
- O compromisso missionário dos antepassados, herdado como missão para as novas gerações.
- Esforço em promover uma boa formação para os formandos.
- A história redentorista no Nordeste: testemunho de vida dos que anunciaram a Copiosa Redenção ao seu modo.
- Perceber a organização da Equipe Missionária, o Governo composto por brasileiros.

CONCLUSÃO
As respostas da pesquisa aqui apresentada não tratam a de dar uma resposta definitiva a questão da parceria entre as Unidades de Recife e Fortaleza. Elas comentam, apontam caminhos, denunciam situações a serem refletidas e reelaboradas, anunciam esperanças para o futuro. E mais que isso, diz que o caminho pensado originalmente foi acertado. Expressa a necessidade de rever os métodos e ações que vão construindo eficaz e eficientemente a rede de instrumentais que embasam a experiência de colaboração, afinal, é necessário fortalecer o espírito de cooperação, que tem base no Evangelho. Foi a rede de discípulos que fizeram a experiência de Jesus, que levou a frente a Boa Notícia. E nesse sentido, só é possível com a ação do Espírito Santo.
Constata-se um número reduzido de “chamados” que responderam a pesquisa. Certamente deveremos rever a metodologia empregada para motivar as pessoas a responderem a pesquisa. O envio das perguntas via internet (spam) já é um elemento que a princípio não colabora. Por outro lado, é visível que o grupo não apresenta motivação para as questões de parceria, como a outras questões. Além disso, os tempos modernos fazem os religiosos de hoje ficarem assoberbados com compromissos cada vez mais numerosos. Na lista de prioridades, não damos a devida importância ao que é da comunidade. Vejamos que em nossas Unidades, a reunião e o convívio comunitário está sempre ficando por último em nossas agendas. Oxalá esta inferência seja uma irracionalidade.

O desafio aqui é resumir, enxugar as respostas de forma que tenhamos um material mais prático para o entendimento dos resultados. E isto passo para aqueles que tiverem tempo e generosidade. Poderão prestar um grande serviço às Unidades envolvidas.

Este resultado é apenas um aperitivo para uma pesquisa maior, que envolva e motive os dois grupos redentoristas do Nordeste a se expressarem e sonharem com tempos novos. Se esta avaliação fosse considerada inútil, ainda assim valeu a pena para o despertar para uma reflexão acerca da realidade que pode nos unir no mesmo objetivo: gastar os dias pregando a Copiosa Redenção.

[1] As respostas das questões não seguem a ordem apresentada

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

AVALIAÇÃO DA PARCERIA NA FORMAÇÃO REDENTORISTA


Caros Confrades e Estudantes das Unidades em Parceria na Formação Inicial

UM OLHAR

Vivemos, há poucos dias, o tempo das Olimpíadas, os olhos de mundo voltaram-se para Pequin. Quem pôde acompanhar, viu um show fantástico. Disciplina, concentração, organização, beleza, sincronia, perfeição, eficiência... Tudo isso combinado provocou em nós surpresa, admiração, encanto. Não fosse a situação de escravidão e exploração que a máquina governamental chinesa impõe sobre os mais pobres, poderíamos até achar que aquela nação é o “país do futuro”, o lugar ideal aonde cada um de nós desejaria viver.

Sabemos que toda riqueza é sustentada pelo sacrifício dos pobres. O grande show da humanidade aconteceu no momento em que explodiu uma guerra entre a Rússia e a Geórgia, 90% dos mortos são civis. Na China, os trabalhadores de Pequin foram retirados da cidade e dos lugares públicos, sem indenização, para “limpar” a paisagem para a festa olímpica. Que dizemos sobre tudo isso? O que isso nos inspira a expressar em nossas orações? Estamos vivendo no mundo e nele nos movemos. Dizemos que somos chamados por Deus, temos uma VOCAÇÃO. Para que serve senão para transformar o mundo que nos rodeia? Nós podemos? Estamos motivados? Acreditamos? O mundo redentorista pelo qual optamos nos ajuda a crescer voltados para as mudanças e exigências do mundo de hoje? Somos chamados a transformar o mundo, com as motivações redentoristas de Jesus, de Maria, de Afonso, Geraldo... e de tantos confrades que fazem o nosso coração agradecer a Deus pelas suas existências.

UMA PARCERIA

Nossa Congregação vive em tempo de avaliação, de preparação para um novo Capítulo Geral. Nossas Unidades Redentoristas de Fortaleza e Recife caminham juntas em muitos aspectos da vida missionária, especialmente na Formação. É do Espírito o vento que nos empurra para novas terras e experiências, Ele é dinâmico e não pára. Por isso, audaciosos como deve ser todo redentorista, enfrentamos os desafios das tempestades e avançamos porque a missão é do Pai, e Ele nos sustenta.

Já temos longa experiência de parceria com outras Unidades da Congregação. Atualmente estamos firmados com Fortaleza e desejamos que prevaleça este espírito de partilha, de diálogo, de crescimento e de dinamização da vida missionária. Mas para isso, é preciso parar à beira do caminho e olhar o caminho percorrido. É preciso rememorar, sentir e expressar nossos sentimentos e nossos desejos à luz da opção fundamental que fizemos: enraizarmos nosso ser em Cristo Redentor, sendo para o mundo sua presença viva através de nossas atitudes, vivendo na Congregação Redentorista.

UMA AVALIAÇÃO

Em reunião das duas Equipes que representam os confrades das Unidades de Recife e Fortaleza, surgiu a necessidade de encaminhar uma avaliação sobre a parceria que nos envolve. Embora já tenha sido objeto de reflexão há uns dois anos num encontro das duas Unidades, sentimos necessidade de ouvir mais de perto aqueles que experimentaram a parceria na Formação. Padres, Irmãos e Estudantes que foram formados nesta colaboração são chamados a expressar o que viveram nestes anos de formação.

Fui incumbido desta tarefa e desejo obter de todos uma colaboração efetiva. Por isso chego até você através deste rápido meio de comunicação, esperando que, apesar dos seus afazeres pastorais e estudos, possais dar uma atenção ao nosso trabalho.

Peço que cada um faça sua avaliação pessoal, para que não se sobreponha a idéia de alguns sobre outros na mesma resposta, como pode acontecer se as respostas vierem em grupo.

Para o envio do seu material, use o correio eletrônico no meu endereço: torresminho@yahoo.com.br. Ainda solicito que você dê atenção e responda até o dia 31 de setembro. Por favor, não deixe para a última hora.

AS QUESTÕES

1- Quais os ganhos e perdas que você percebe no processo de Parceria entre as Unidades Redentoristas de Recife e Fortaleza?
a. Quanto tempo você vivenciou a parceria na formação? Aonde? Em que etapa formativa?
b. Estrutura física das casas e sua adaptação às necessidades da Formação;
c. Formação (habilitação) dos formadores;
d. Colaboração e sintonia entre os formadores;
e. Vivência da espiritualidade redentorista;
f. Presença e apoio do Governo Vice-Provincial;
g. Instituições de formação acadêmicas (Filosofia, Teologia, etc);
h. Noviciado (indique aonde fez o seu Noviciado);
i. Ordenação e Votos em conjunto;
j. Conteúdo das etapas de formação;
k. Espaço e formação para a pastoral;
l. Incentivo ao desenvolvimento intelectual: cursos extra-curriculares;
m. Quais os valores que observamos no jeito da outra Vice-Província?
n. Quais as dificuldades que nós encontramos?
o. A convivência na formação nos abriu para mais experiências de missão em parceria com a outra Unidade ou trabalho missionário ou termina com a formação?
p. A ausência de parcerias poderia indicar fechamento em nossas tradições próprias?
q. Quais as resistências maiores dentro de nós? De onde vêm?
r. A formação em parceria nos ajudou a crescer na consciência de pertencermos todos a uma grande família redentorista internacional?

Agradeço de coração pela sua atenção e colaboração. Que a Mãe do Perpétuo Socorro continue sendo companheira e animadora de sua vocação redentorista.

Um abraço fraterno,

Ir. José Torres